segunda-feira, 14 de maio de 2012

Bakuman: Quem quer ser um mangaká?

 O que é preciso para se publicar um mangá? Esse é basicamente o plot inicial dessa série sensacional que terminou a pouco tempo nas páginas da revista que mais vende no Japão (e no mundo), a Shounen Jump. Com a promessa dos autores Tsugumi Ohba (roteiro) e Takeshi Obata (arte), de retornarem com uma nova série em breve. Pra quem não conhece, eles são os mesmos autores do popular Death Note. Mas não se enganem, Bakuman nada tem a ver com a série anterior da dupla, é isso que voces irão descobrir nas próximas linhas...


 Vou começar dizendo que esse é um dos meus mangás favoritos e figura no meu top 5 fácil. Apesar de não seguir a regra dos mangás mainstream de porrada que geralmente povoam as revistas shounen, é muito popular e amado pelos fãs. Tentarei não me estender muito e nem cometer a gafe de soltar spoilers. Lhes apresento a vida de mangaká:

 A história é a seguinte, no Japão a sociedade é bem rígida, desde cedo voce tem que ser o mais competente possível, tirar boas notas, para assim entrar numa faculdade de renome, conseguir emprego numa empresa de grande calibre e trabalhar por lá até o fim de seus dias. Esses são os chamados "salaryman". Mas e quem não quer seguir esse esquema? Quem resolve seguir outro caminho tem poucas chances de se dar bem se não tiver talento absurdo na área que se propor a seguir.

 Daí que somos apresentados a Moritaka Mashiro um garoto de 14 anos que tenta levar a vida dessa mesma forma que exemplifiquei acima, estudando para no futuro se tornar um assalariado. Como todo bom adolescente ele tem uma quedinha por uma garota da sua sala (que é a mais bonita), Miho Azuki, e vive a desenhando no meio da aula. Nisso conhecemos o talento de Mashiro, desenhar muito bem. Num vacilo tremendo ele deixa o caderno com os rascunhos da Azuki na sala de aula, então volta depois pra buscar. É quando vemos que tem mais alguém na sala de aula o esperando, um menino de cabelos claros e óculos, seu nome é Akito Takagi, e se encontra com o caderno do Mashiro em mãos. O moleque entra em pânico ao perceber que o outro sabe de sua paixão platônica por Azuki. Takagi elogia o talento de Mashiro e de repente solta o estopim da história: "Quero fazer um mangá. Voce desenha e eu faço o roteiro". Simples assim. Lógico que de início o jovem desenhista não quer nem saber disso, afinal ele nem desenhava mais com tanta frequência (por motivos pessoais que descobrimos depois), muito menos pensava em seguir carreira com isso. Takagi insiste e diz para Mashiro pensar no assunto. O garoto promete pensar, mas não está tão afim de fazer dupla para criar um mangá.

 No outro dia Takagi numa jogada de mestre vai falar com a melhor amiga da Azuki, Kaya Myoshi (o que dá uma confusão danada, pois a menina pensa que o jovem de óculos está querendo algo com ela), para saber de seu endereço e descobre que ela sonhava em ser dubladora. No fim do dia ele liga para Mashiro e diz que vai se declarar para a Azuki (fazendo-o crer que Takagi gostava dela também) e que é para os dois se encontrarem.
Chegando em frente a casa dela, Shujin (apelido que Mashiro dá pra Takagi e quer dizer "prisioneiro") chama a garota e declara para ela, que ele e o Saiko (apelido de Mashiro que significa "o melhor") farão um mangá, então Azuki fica maravilhada e conta que um dia será uma grande dubladora. Saiko num ataque de ansia e empolgação, então grita para ela: "Quando o nosso mangá virar um anime, voce vai dublar a heroína e vamos nos casar!"... Sim, não faz o menor sentido, e ela entra correndo para dentro de casa enquanto ele pensa que fez a pior besteira de sua vida. Toca o interfone ao lado do portão e eles ouvem-na dizer que aceita (O QUE ??!!), mas não poderão se ver/ falar até que seus sonhos se realizem, e se encorajarão por mensagens de email. E é assim que começa a dupla Ashirogi Muto, o pseudonimo que escolhem, para trilhar a estrada até o topo da SJ.

 O que acontece a partir daí em diante é uma aula de como desenhar um mangá. É um mangá, dentro de um mangá... Inception puro. Nos é mostrado como fazer um story-board, técnicas de arte-finalização, enquadramento, uso de penas, etc. É bem didático mas de forma divertida. Aliás, Bakuman é um mangá com muito mais texto nos balões do que os habituais em mangás (principalmente shounen), porém nem por isso é menos dinâmico. Outro detalhe interessante são os bastidores de uma grande editora, é gratificante ver como funcionam os trâmites de publicação e escolha de títulos a irem pras lojas, também podemos nos deleitar com as várias referências e citações á mangás da Jump, como Dragon Ball (o editor desse mangá até aparece em alguns capítulos retratado no traço do Obata), Bleach e One Piece.

 Em relação aos personagens, são muito carismáticos, os protagonistas Saiko e Shujin são feitos para simpatizar na hora em que se põe o olho neles. As personalidades de ambos são distintas, e se complementam. Enquanto o Saiko é orgulhoso, tímido e obstinado, o Shujin é racional, descolado e inteligente. Já a Miho é o esteriótipo de garota perfeita, linda e meiga. Sua melhor amiga, Myoshi (que mais a frente vira namorada do Shujin) é explosiva e dramática, o alívio cômico muitas das vezes.
Conforme Bakuman avança conhecemos o editor da dupla, Akira Hattori, o mangaká gênio de 15 anos, Eiji Niizuma (um dos meus favoritos), o totalmente preguiçoso Kazuya Hiramaru, o editor-chefe da Jump, entre muitos outros que esbajam estilo e personalidade.

 Não há do que se reclamar na arte de Obata, de início ele desenha com um estilo mais sério, porém depois vai se tornando um pouco mais caricato, o que combina muito com o clima do mangá. A arte é realmente bonita e bem acabada, poucos mangakás tem tamanha beleza em seu traço. Como curiosidade, o autor de Rurouni Kenshin (Samurai X no Brasil), Nobuhiro Watsuki já foi seu assistente. O tio falecido do Saiko inclusive chama-se Nobuhiro Mashiro e é muito parecido com o mangaká. Será apenas coincidência?
O roteiro de Ohba parece relativamente simples, mas os dialogos são muito bons e em momento algum voce se sente cansado ou saturado. O que mais se destaca é o fato de manter sempre interessante uma série que relativamente se vale apenas do dia a dia de um trabalho estafante, e Ohba o faz com maestria.

 Para terminar, gostaria de salientar o anime, que apesar de não ser tão bom quanto Bakuman nas páginas, já que o character design não chega a qualidade do Obata, é bem fiel aos acontecimentos do mangá, tem uma ótima animação, trilha sonora bacaninha e dubladores competentes. Até o momento o anime possui duas temporadas de 25 episódios cada, que foram exibidas na NHK, a terceira temporada estréia em outubro deste ano.
 Não deixem de curtir essa obra fenomenal por preconceito de não haver sangue e/ou porradaria. Preparem papel e nanquim, a aventura no mundo dos mangakás os espera!

3 comentários:

  1. Parece ser engraçado. Ri horrores ao ver eles tentando a "fusão".

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    1. É engraçado sim. Por incrível que pareça essa cena é filler, só tem no anime. XD

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  2. Vendo e me apaixonando, sem dúvidas o melhor ep. do anime é o nove..ri demais..

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